segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

LOVE IS A MANY SPLENDORED THING

LOVE IS A MANY SPLENDORED THING

Ana Hertz
Fevereiro de 2009.


William Holden e Jennifer Jones. Um amor impossível. Um filme e trilha musical que marcaram época. No Brasil, chamou-se Suplício de uma saudade. Gosto mais do título em inglês, mais romântico. Quem, dos 55 aos 90, não se lembra deles?

Toda geração tem pelo menos uma história que marca, de forma indelével, seus sonhos de amor. As mulheres, incorrigíveis românticas, ficam invariavelmente tocadas por muitos desses conhecidos contos. Romeu e Julieta continuam em primeiríssimo lugar dentre o que há de mais belo na literatura amorosa de todos os tempos.

Não podemos deixar de fora Cinderela, outro romance muito charmoso, que ficou imortalizado no desenho animado de Walt Disney e, mais recentemente, reapareceu com o filme Pretty Woman, que juntou Julia Roberts e Richard Gere. O conhecido ator, fazendo o papel de um empresário rico e solitário, representou o príncipe encantado que salva a mocinha pobre, prostituta, montado em seu belo “cavalo branco”- uma limousine por certo branca e, em vez da espada, um guarda-chuva.

Minha geração se lembra, com saudades, de outros tantos filmes que da mesma forma mexeram com nosso coração. Eu nem sei quantas vezes vi o Candelabro Italiano, com Suzanne Pleshtte, Troy Donahue, Angie Dickinson e Rossano Brazzi. Quase tantas quanto o musical West Side Story, que trazia Romeu e Julieta em versão século XX. Todas as mocinhas de então suspiraram com essas produções de Hollywood.

Na verdade, são umas poucas histórias que vão sendo contadas, recontadas, adaptadas, algumas trazendo interessantes novidades, mas, no fundo, são sempre as mesmas. As formas de contá-las é que ainda não se esgotaram. Portanto, ainda veremos muitas outras versões para dois jovens que se apaixonam e que não conseguem ficar juntos. Todas elas farão com que muita gente derrame um mar de lágrimas no unhappy end.

Felizmente, não há só Romeus e Julietas... Temos Cinderelas, Belas Adormecidas e outras tantas que se dão bem com seus príncipes encantados. E vivem felizes para sempre, nem que seja até a página 20. Agora, temos o tal do High School Musical, com os heróis românticos Troy e Gabriella. Eu já assisti o terceiro da série com minhas netas e um bando de amiguinhas. Elas adoraram!

Ê evidente que nós, mulheres, somos corajosas o suficiente para confessar a emoção quando nos deparamos com histórias de amor, com ou sem final feliz. Os anos passam e continuamos acreditando que o amor existe ou que pode ser encontrado, caso ainda não tenhamos tido a sorte de esbarrar nele. Torcemos quando sabemos de novos romances, encontros, reencontros, reconciliações; enfim, tudo que se refere ao coração nos agrada bastante.

Os homens, ao contrário, costumam torcer o nariz para coisas dessa natureza. Perda de tempo convidá-los para um filminho açucarado. Vão acabar de mau humor, achando tudo um besteirol. Podemos dizer que esse comportamento encaixa-se perfeitamente em quase toda a população masculina. A sorte é que toda e qualquer amiga aceitará, com o maior prazer, ir conosco ver mais uma comédia romântica.

Por tudo isso, é que eu estava apavorada quando um de nossos alunos de Jiu-Jitsu nos pediu que conversássemos com os organizadores do campeonato de MMA marcado para o início de fevereiro. Queria que, no intervalo das lutas, fosse chamado ao palco com a noiva, que não saberia de nada até aquele momento, para que, ao microfone, ele a pedisse em casamento. Uma explicação importante: ela também treina conosco e adora campeonatos. Minha preocupação era de que os homens presentes, que formavam 95% da platéia, achassem aquilo tudo ridículo e se manifestassem vaiando até não poder mais. Aflita com o que poderia rolar, esperei ansiosamente o momento.

Na hora combinada, o apresentador, um brutamontes que mais parecia um armário, após comentar as lutas que haviam rolado até aquele momento, chamou o casal ao palco, sob um pretexto qualquer. Quando chegaram ao meio do ringue, Johnny rapidamente pegou o microfone e, de joelhos, pediu Julie em casamento, declarando seu amor e dizendo que ela era a mulher com que ele queria passar o resto da vida. Abrindo a caixinha de jóia, mostrou-lhe o anel de brilhantes que marcava o compromisso entre eles. Para minha mais agradável surpresa, o público todo aplaudiu de pé o jovem casal, sendo que pude perceber que estavam todos felizes com aquela cena... Aqueles homens que vieram ao evento para ver socos, pontapés, lutadores sangrando e tudo mais não aplaudiram apenas em sinal de educação e gentileza... Ficaram realmente tocados com Johnny e Julie, nosso casal romântico do campeonato de MMA!

E hoje, conversando com minha amiguinha da aula de dança, Molly, viúva de 70 anos, fiquei encantada em saber que, no baile de ontem, o homem com quem dançou e conversou a noite inteira a fez perder o sono. E esse senhor, com seus 90 anos, talvez também tenha ficado acordado. Pena que não estava lá para ver isso! Contou-me, ainda, que ele, no final da festa, pediu-lhe que ligasse para a casa dele no dia seguinte para combinarem um encontro! Ela ainda esta na dúvida se deve ligar. Embora a tenha incentivado ao máximo, não sei se ela vai acatar minhas sugestões. Espero que sim. Quem sabe não se entendem e começam a namorar?

Eu estou achando que o amor, embora caia como uma luva no mundo feminino, sempre explicitamente sonhador, também passeia pelo universo masculino, mesmo que os homens não gostem de confessar. Muita gente acredita que apenas os poetas estão “autorizados” a falar dos amores e de suas dores. Tenho esperança de que isso mude, e que mais homens comecem a demonstrar o que sentem. Meu lado romântico vai torcer muito por isso. Afinal, como dizia Vinicius de Moraes, “...é melhor se sofrer junto que viver feliz sozinho”.

2 comentários:

  1. Eu adoro todos os filmes que referes e o meu favorito e com Deborah Kerr e Cary Grant. Regularmente sinto a necessidade de o ver de novo. Livros, todos os anos releio uma ou duas obras de Jane Austen. Adoro o humor que aparece regularmente em todos os seus livros. Falando de Vinicius Morais. Eu concordo que quando se sofre e melhor ser partilhado por dois, mas nao concordo que e melhor viver infeliz a dois que feliz sozinha.
    Como ves leio os teus blogs.
    Ciao Maria do Carmo.

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  2. Lembra do filme"Alguém tem que ceder"? Pois é...Esse jogo do Amor é mesmo maravilhoso!Agora são os homens mais romanticos...A eterna balança nos grandes relacionamentos...Adorei!D'ont give up!

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