COISA DE HOMEM OU DE MULHER?
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Pedrinho, não chore! Isso é coisa de
mulher!
Tive
que me controlar para não dizer poucas e boas.
Onde já se viu, em pleno século XXI, o pobre do menino ter que ouvir
isso? As mudanças do último século não foram boas só para nós, mulheres... O
que transforma aqui com certeza interfere ali, e acredito que os homens também
se beneficiaram com os novos costumes.
O
que logo me vem à cabeça é que a vida deles, de certa forma, ficou mais leve,
já que não precisam “carregar o piano” sozinhos - estamos ao lado deles, às
vezes mais substancialmente, outras
vezes menos, mas lutando junto. A carga era pesada e muita injusta! E
eles já estão assumindo o fogão, trocando fraldas, dando uma boa folguinha para
a gente. Ou seja, os papéis cabem nos
dois gêneros.
Só
que muita coisa ainda é reconhecido, de longe, como sendo um comportamento
feminino ou masculino. Discutir a relação, sem dúvida, é cor de rosa. Difícil
encontrar um homem que goste de ficar falando, analisando, questionando. Querem distância dessa conversa! Se você insistir, vai dançar, principalmente
se pensar em perturbá-lo no horário do futebol ou da saída para o chopp com amigos.
Falando
em chopp com a turma, para falar de futebol e mulheres, isso ainda é coisa azul? De jeito nenhum! Não saímos apenas para chazinhos beneficentes
na Colombo. Temos clubes da Luluzinha em
todas as esquinas, tomando caipirinha ou chopp, só que provavelmente os dois
assuntos são política e homem! Embora ainda encontremos conversa cri-cri, muita
coisa mudou.
E
as gentilezas associadas, durante séculos, ao masculino? Mandar flores também se incorporou ao lado de
cá. E por que não? Muitos homens adoram
flores perfumadas deixadas em suas portas. Podemos plantar um jardim, quem sabe
juntos.
Pagar
a conta é outra história. Isso é sagrado para os mais antigos, aqueles que
ainda gostam de abrir a porta, esperar a mulher sentar... faz parte da cultura
em que fomos criados. Os mais jovens
aceitam dividir, pois a crise chegou, e tudo ficou bem difícil. Melhor rachar as despesas no Lagoon do que
pagar tudo sozinho no McDonald’s.
Outra
coisa complicada são as duplas mensagens que nós, mulheres, teimamos em mandar.
Isso os deixa simplesmente loucos. Eles
não conseguem entender que nem sempre o “não” é “não”, o “sim”, uma anuência, e
que um “talvez” oferece um milhão de alternativas.
Tampouco acreditam quando afirmamos que está tudo bem; percebem logo que tem
algo errado mas, pobrezinhos, não podem imaginar o que nos aborreceu. A gente fica torcendo para que adivinhem, mas
nem mesmo um esforço mental hercúleo os ajuda a descobrir. Dois mundos opostos.
Um
amigo me contou que a namorada é muito inteligente, culta, equilibrada...até o
momento que implica por ele ter esquecido a data em que deveriam comemorar o
primeiro beijo, por exemplo. Para ele,
não lembrar esse detalhe não significa que não dê importância à relação. Passa,
então, a considerá-la meio chata, um pouco boba... Que tal, então, a gente se
desligar um pouco do calendário e valorizar outras coisas bonitinhas que eles
fazem? Por outro lado, seria bom eles anotarem na agenda as datas, pelo menos
as principais.
Os
homens, por seu turno, deveriam aceitar que, quando estamos inseguras em
relação ao que vamos vestir, qualquer opinião que possam dar não vai valer de
nada. Perguntamos por perguntar, já que
não vamos mesmo seguir o conselho! E
ponto final! Usaremos aquele vestido que
a gente pensou em primeiro lugar, e que está no fundo da pilha que montamos em
cima da cama! Fiquem certos – vamos continuar
perguntando.
Falando
nisso, vamos combinar que, quando perguntamos a eles se estamos bem com determinada
roupa, deveriam disfarçar e fingir que não estão pensando que estaríamos melhor
despidas... que digam alguma coisa sensata!
Em contrapartida, prometeremos que não vamos discutir a relação bem no
horário do futebol. Uma troca muito justa!
O
que ainda está difícil é saber equilibrar.
Sabemos que os homens modernos não querem ter um apêndice, uma planta sugadora
como parceira da vida. Preferem as que se viram sozinhas, as que bancam os
próprios luxos...mas isso, pelo que tenho visto, vai até certo ponto. Não podemos ser autossuficientes demais, não
é? Isso dá insegurança? Se vocês nos contarem onde o sapato aperta,
de repente a gente se equilibra...
Para
o bem de todos e felicidade geral da nação, talvez seja mais uma boa ideia que
nós, mulheres, comecemos a entender que os homens são bons de matemática, onde
2 mais 2 são 4, e que essa nossa mania de achar que a tal soma pode chegar a 4
e meio, três e meio ou oitenta e dois pode azedar as relações. Sem abrir mão da intuição, um grande
instrumento que possuímos, precisamos usá-la com muito critério para não
exagerar nas interpretações do que eles dizem ou fazem. A gente entra por esse campo minado e acaba
se dando mal!
Verdade
seja dita – agora podemos exigir nossos direitos, brigar por eles, e tudo o
mais. Em compensação, os meninos como o
Pedrinho lá do início dessa conversa, e todos os homens hoje em dia podem
chorar de alegria, de tristeza, de dor ou de amor, sem qualquer constrangimento.
Quem discorda que tudo isso já valeu a pena?
Para
melhorar as coisas, quem sabe a gente, então, negocia mais um pouco? Vamos lá –
1 – Homens, quando começarmos a reclamar, não tentem arranjar uma solução – simplesmente
acordamos com vontade de reclamar e ponto final. Vai passar, como disse o Chico Buarque. Basta ter um pouco de paciência.
2 – Homens, liberem alguns elogios. Precisamos ouvir coisas estimulantes em
relação ao nosso visual. Não custa nada
um esforço extra.
3 – Mulheres, não banquem Sherlock Holmes... não
revistem carteiras, gavetas, últimas ligações nos celulares... Ou confiamos, ou
não.
4 – Mulheres, os amigos de nossos homens são sagrados. Não se enturmar e ficar com cara de tédio quando
eles estão juntos é um certeiro tiro no pé.
Muitos deles são ótimas pessoas, de verdade.
Bem, duas boas idéias para eles e
duas para nós. Sempre o equilíbrio para
deixar a vida de todos muito melhor, com os homens vestindo, tranquilamente,
uma camisa cor de rosa, e nós arrasando em uma festa com elegantíssimo smoking
preto.