terça-feira, 7 de setembro de 2010

APROVEITANDO PARA DAR UNS PALPITES
Setembro de 2010.

Para animar ainda mais o encontro de amigos, Emidio e eu passamos alguns dias procurando coisas divertidas... e conseguimos um material bastante interessante. Olhamos adesivos em jornaleiros, viajamos pelo fascinante universo do Google e, finalmente, folheamos muitos livros. Recortamos, então, versos de grandes poetas, pescamos pérolas de alguns filósofos, enfim, bebemos em incontáveis fontes de informação. Para o bem e para o mal.
Do que escolhemos, selecionei umas poucas coisas que não necessariamente são as melhores que foram ditas ou escritas, mas me parecem apropriadas para palpites. Outras se bastam... nem mesmo vou comentar, apenas transcrever
Tenho certeza de que Martha Medeiros e eu não fomos criadas pela mesma mãe, a minha no caso, mas a poeta pensa igualzinho à D. Eny, que afirmou, quando eu beirava os 30 anos, que quem tem juízo não se diverte. Vejam que belos versos a escritora gaúcha escreveu sobre isso: “Mesmo tendo juízo/não faço tudo certo/todo paraíso/precisa de um pouco de inferno”
Dela, trago, ainda, outra idéia bem interessante – “Tenho urgência de tudo que deixei para amanhã”. Na mesma linha, Picasso tinha dito: “O que já fiz não me interessa/Só penso no que ainda não fiz”. Nem vou tentar inventar outro jeito de dizer a mesma coisa – vou apenas concordar!
Oscar Wilde foi outro que sempre me encantou, e não foi difícil conseguir dezenas de pérolas dele. Escolhi três. A primeira é “Todas as pessoas fascinantes têm vícios: está aí o segredo de sua fascinação.” Agora que entendi essa história toda, vou colecionar outras tantas, vamos dizer, manias... pode funcionar!
Como ele adorava polemizar, foi bastante ácido quando diagnosticou: “As mulheres malvadas nos atormentam... as boas nos aborrecem.” Não parou por aí e afirmou que “Podemos resistir a tudo, menos às tentações.” Estaríamos, então, perdoados, por atender aos próprios desejos? Há controvérsias a esse respeito.
Por falar em tentações e mulheres malvadas, achei muito bom o que Picasso disse sobre a mulher ideal: “Um homem só encontrou a mulher ideal quando olhar seu rosto e vir um anjo e, tendo-a nos braços, ter as tentações que só os demônios provocam.” Ótimo tema para homens e mulheres discutirem noite a dentro.
Na verdade, não só as pessoas que têm vícios nos fascinam - é claro que também as pessoas que se mostram sensíveis são irresistíveis, Quando li “A menina que roubava livros”, de Markus Zusak, fiquei encantada com o jeito simples de filosofar do jovem escritor australiano. Impossível encontrar quem discorde de que “É difícil não gostar de alguém que não apenas nota as cores, mas fala delas.”
E falando em sensibilidade, não poderia deixar Charles Chaplin de fora. A maioria de nós apenas se lembra de suas comédias do tempo do cinema mudo, comédias que derramavam poesia e, por vezes, faziam a gente chorar. Do que dizia o genial criador de Carlitos, escolhi “Não devemos ter medo de confrontos. Até mesmo os planetas se chocam. E do caos nascem as estrelas.” Bem, modus in rebus. Alguém quer discutir isso?
Nessa busca de coisas interessantes, por certo esbarrei em Nietzsche, filósofo que, confesso, às vezes me irrita. Não tenho mais idade para ser hipócrita e esconder meus gostos e desgostos. Ele adorava falar mal das mulheres e, por mais que eu consiga dar um desconto em nome de sua obra como um todo, não gosto disso. Assim, para me ajudar a ser imparcial, lembrei-me de que ninguém é lúcido o tempo todo. Abandonando minha implicância, pude trazer duas maravilhas dele. Ambas falam do amor, da razão e da loucura, e nem sei de qual gosto mais. Vocês podem escolher entre “Há sempre um pouco de loucura no amor. Mas existe sempre um pouco de razão na loucura” e “O amor é o estado em que o homem é capaz de ver as coisas tal qual elas não são.” Acrescento o ditado popular – “O amor é cego...e surdo, também!”
No momento em que pensei na Arte, não resisti, fui em busca de Nietzsche de novo, e não vou discordar de uma vírgula do que encontrei! Que tal “Temos a arte para não morrer da verdade”? Com mais vigor, afirmou que “A arte deve, antes de tudo e em primeiro lugar, embelezar a vida e, portanto, fazer com que nós próprios nos tornemos suportáveis e, se possível, agradáveis uns aos outros”. Desse jeito, vou acabar achando Nietzsche o máximo.
Deixo sempre bem claro que detesto quando alguém fala na “terceira idade” ou na “melhor idade”. Ainda não acharam palavras apropriadas para essa fase da vida em que a maioria de nós ainda tem uma grande dose de energia vital, que ainda sonha, constrói, aproveita a vida e tudo mais, mas que, não há como negar, já dobrou a esquina. Ouvi, outro dia, uma definição engraçada – a juventude da velhice é a “juventice”. De qualquer forma, o termo velhice é meio assustador. Para nos consolar, Picasso dizia sempre que “Leva muito tempo para nos tornarmos jovens.” E quem levar essa idéia a sério pode aproveitar muito de todo o tempo que ainda nos resta. Eu tenho conseguido!
Hoje, dia 7 de setembro, nossa comemoração da Independência é mencionada na campanha eleitoral que toma conta do país inteiro. Cabe lembrar que o fantástico Bernard Shaw, um dia qualquer lá atrás, escreveu uma jóia com a qual muitos concordam sem pestanejar – “Ele não sabe nada e pensa que sabe tudo. Isso aponta claramente para uma carreira política”. Triste, mas verdadeiro, não?
Aproveitando o feriado chuvoso, tinha pensado em dar mil palpites sobre tudo isso, mas logo percebi que não havia muito a dizer. Escrevi um pouco para não apresentar apenas uma sequência de pensamentos, e também por ser uma palpiteira e tanto. Mas todos os comentários são desnecessários. Termino, então, com algumas raridades/barbaridades que não devem ser levadas a sério. Resolvi trazê-las apenas a título de curiosidade, certa de que os homens que estão à nossa volta jamais concordariam com o que está escrito.
“Todas as mulheres que seduzirem e levarem ao casamento os súditos de Sua Majestade mediante o uso de perfumes, pinturas, dentes postiços, perucas e recheios nos quadris, incorrem em delito de bruxaria e o casamento fica automaticamente anulado.”
(Constituição Nacional Inglesa do século XVIII)
“O pior adorno que uma mulher pode querer usar é ser sábia.” (Lutero - século XVI)
“A mulher deve adorar o homem como a um deus. Toda manhã, por nove vezes consecutivas, deve ajoelhar-se aos pés do marido e, de braços cruzados, perguntar-lhe: - Senhor, que desejais que eu faça?” (Zaratustra – filósofo persa – século VII A.C)
“Inimiga da paz, fonte de inquietação, causa de brigas que destroem toda a tranqüilidade, a mulher é o próprio diabo.” (Petrarca – século XIV)
Foram lembrados, aqui, grandes pensadores, poetas, enfim, pessoas consideradas geniais. Mas o autor (anônimo) que nos legou a filosofia “etílica” que encerra essa conversa foi, sem dúvida, muito criativo – “A cachaça e a cerveja são os maiores inimigos do homem. Mas o homem que foge de seus inimigos é um covarde!” Com uma caipirinha de maracujá na mão, convido todos - Vamos à luta!